A navalha de Ockham é um princípio lógico com autoria atribuída ao frade franciscano Guilherme de Ockham (ou “Occam”, segundo algumas grafias). É descrito, de forma simplificada, como o “princípio da parcimônia” ou, em latim, Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem (“Entidades não devem ser multiplicadas além da necessidade” – a resposta mais simples é a melhor). É de uso de frequente na aplicação do método científico e, algumas vezes, neo-ateus tentam usar esse princípio para descartar a existência de Deus. Um exemplo da tentativa de aplicação pode ser vista abaixo:
1) A
navalha de Ockham indica que devemos optar por não multiplicar causas
(“explicação mais simples”).
2) O
Universo existe.
4) A
existência de uma causa primeira para o Universo (i.e. “Deus”)seria uma
“adição” ao número de causas que conhecemos.
5)
Logo, é desnecessário achar que há uma Causa Primeira para o Universo. Ele está
aí e isso é tudo.
6)
Logo, Deus, quase com certeza, não existe.
O
raciocínio exposto, logicamente, não é válido e contém um erro CRASSO.
A
navalha de Ockham é um princípio que propõe que não se multiplique ALÉM da
necessidade, não para pararmos de fazer relações causais, como o do debatedor
acima assinala. Da mesma forma que seria simplesmente absurdo se, por exemplo,
encontrássemos uma estátua gigantesca no meio da Amazônia e resolvêssemos a
questão dizendo: “Ok, temos a estátua, ela está aí e isso é tudo”. É claro que
podemos avançar e construir um raciocínio como “A causa dessa estátua é ação de
um grupo de humanos que vivia nesse local há algum tempo”. O uso exagerado
seria “A causa dessa estátua é a ação de vários grupos humanos de várias localidades
do planeta que, por algum acaso, estiveram todos aqui durante um breve período
de tempo”. Por uma questão de simplicidade, a primeira hipótese levaria
vantagem na elaboração da pesquisa (embora isso não seja, de forma definitiva,
uma refutação para a segunda hipótese).
Para
investigarmos se houve uma causa primeira para o Universo, temos que avaliar se
as premissas que levam à conclusão são verdadeiras, não dizer “Não precisa e
pronto”, o que constituiria uma aplicação falaciosa do princípio de Ockham.
O mau
uso de conceitos como a navalha não chegam a surpreender, pois são
consequências da popularização dessas idéias, como explica o site cético Projeto Ockham:
"Como
todo princípio científico mal compreendido e vulgarizado pela repetição (E=mc2,
entropia, caos, herança genética, etc), a Navalha de Ockham se tornou um bordão
utilizado indevidamente por leigos e por céticos ansiosos demais em descartar
explicações incomuns. (…) Sendo assim, o princípio da economia de Ockham se
revela uma diretriz, não uma regra; uma indicação de qual caminho seguir, não
um sentido obrigatório; ou seja, apenas bom senso sistematizado, que no fundo é
tudo do que trata o método científico."
Conclusão
Não é
uma técnica de uso frequente, mas, de qualquer maneira, é importante estar
ciente dela. O método de refutação é explicar que a Navalha é um princípio de
ordem prática para evitar a multiplicação desnecessária para uma hipótese, não
que simplesmente devemos parar de procurar explicações para a existência de
algo.
Fonte:
Quebrando o encanto do neo-ateísmo
Fonte:
Quebrando o encanto do neo-ateísmo
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